segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

O Escritor e o Lutador

O Escritor e o Lutador




Quem acompanha as matérias desse blog já conhece meus pontos de vista referente à Defesa Pessoal e Segurança Pública. Assuntos que sempre geram polêmicas e opiniões diversas.
Sábio aquele que consegue enxergar o outro lado, justificar suas posições ou até alterar seus conceitos anteriormente estabelecidos.
Minha missão em minhas aulas, hoje praticamente resumidas a Unidades da Polícia Militar, é voltada para que o policial no tempo que dispões de seu treinamento, muitas vezes sem nunca ter tido contato com artes marciais, é deixá-lo apto para sobreviver nas ruas, não se exceder e alcançar seu objetivo, que irá desde a dispersão até a imobilização para a condução e algemamento.
A fim de atender um outro público, escrevi meu primeiro livro, COMBATE TÁTICO - Defesa Pessoal Urbana.



Então entro no assunto que inspirou essa matéria: A Luta do Escritor.
Só conseguimos entender os meandros de determinados assuntos quando nos envolvemos diretamente com ele, então sabemos das dificuldades, ainda mais em um país em desenvolvimento onde tudo parece ser mais difícil.
Sempre escrevi bem e tinha vontade de fazer um livro técnico sobre Defesa Pessoal, que realmente ensinasse algo ao leitor, tanto prático como teórico, longe de várias obras na qual só servem para propagandear o autor e sua academia.

Descobri que haveria basicamente duas maneiras para publicar (livro físico): através de uma editora ou por conta própria.
Resolvi fazê-lo por conta, ou seja, contratei a editora de um amigo, e paguei pelas tiragens. Por sorte, esse meu amigo, Fábio, da Bueno Editora, também é fotógrafo e especialista na área de Artes Marciais, sabia exatamente o que eu queria.
Dei a ideia, e a partir de um desenho meu foi elaborado a capa.
Precisava de alguém para participar me auxiliando com os golpes, então pedi para um grande amigo, que já havia trabalhado comigo na Força Tática de um Batalhão da Polícia Militar na Zona Sul de São Paulo, Marcos Oliveira, o Mestre Marcão, campeão e professor de Jiu Jitsu.
  
                                                              Foto do livro


Completei o texto e iniciamos as fotos. Um trabalho penoso, pois nem sempre a imagem sai exatamente como o programado, e teria que ser bem didática.
Paguei caro por cada exemplar, devido a ser uma quantidade pequena para uma editora e ter sido colorido.
Após todo esse trabalho que resumi, da ideia ao resultado foram cerca de 3 anos, tive que programar o lançamento. Local, som, convidados, divulgação, banner, etc.
Resolvi chamar alguns mestres de várias modalidades para realizarem apresentações, consegui água, suco de frutas, e um bom tatame.



O lançamento foi na Casa da Frontaria Azulejada, no final de 2014. Apesar da forte chuva que impossibilitou a chegada de alguns convidados, reuni mais de 100 pessoas, e também um canal da internet, uma matéria no maior jornal de Santos e outra em uma emissora regional.
Após tudo isso, descobri que foi a parte fácil. Para manter as vendas é necessária a divulgação. Livro é uma realização pessoal, não dá lucro em relação ao trabalho.
Tive que aprender sobre isso e ainda bato muito a cabeça. Não sou um bom vendedor e não gosto de ficar oferecendo muito menos constranger alguém a comprar um livro meu.
Comecei a usar a internet e por sorte, grandes figuras da mídia “internética” me deram uma baita força, como Nando Moura, Bene Barbosa e Marcos Do Val.







Dessa forma, o livro se espalhou pelo Brasil, sem estar em nenhuma livraria, apenas pelo correio e contato pelo Blog e minha fanpage do face book.
Não demorou muito para eu dizer a mim mesmo que “jamais escreveria novamente um livro”.
 Porém...
Quase ao mesmo tempo que havia iniciado o COMBATE TÁTICO, resolvi escrever um Romance de Fantasia Fantástica de Terror, na época nem sabia que seria classificado como tal.
Então fui me interessando não só pelo que escrevia, mas como fazê-lo da melhor forma possível, comecei então a aprender e ainda aprendo sobre técnica literária.
Já tinha título e estava em andamento - A Vingança de Drácula.



A história iniciava logo após o fim do romance de Bram Stoker, com a ressurreição do vampiro, que agora além de reiniciar seus planos de conquista da Europa, queria vingança com aqueles que quase o mataram.
A aventura se passa em vários países da Europa e conta um pouco da geografia, costumes e folclore da cada um. Os fatos históricos da época se intercalam com os personagens, além de reunir personagens verdadeiros e de outras obras de terror da mesma época.
A dificuldade foi imensa, em encaixar os personagens de acordo com a obra de Stoker e acompanhar o desenvolvimento histórico daquele século, sem falar em lendas e tradições relacionadas a vampiros e lobisomens, até mesmo alguns fatos reais ocorridos.
Ainda não estava habituado a estrutura e tempos verbais organizados, e tive que aprender e me ater a isso, mesmo assim, hoje corrigiria alguns detalhes.

Comprei livros, assisti documentários sobre tudo a respeito, época, vampiros, escritores, etc. Sem contar na maratona de filmes que vi e revi de Drácula. Minha alma estava naquele projeto.
Com muito custo, o livro ficou pronto. Depois revisei e reestruturei algumas coisas, sem deixar perder a alma do objeto.
E agora?
Poucas pessoas sabem, mas é muito difícil uma editora publicar algo de um desconhecido.
As histórias de grandes escritores contemporâneos são tão interessantes quanto suas próprias histórias. Uma luta enorme até atingirem o sucesso, e outros tão bons ainda estão nessa luta. Eu estou apenas começando.
É só ver como foi para Paulo Coelho, André Vianco, Raphael Draccon, e ainda está sendo para M.R. Terci, um grande escritor e hoje amigo.



Esses acima tentaram em diversas editoras e foram recusados, e por ironia, com originais que se tornaram Best Selers posteriormente. Assim como outros escritores estrangeiros, talvez o caso mais icônico seja Harry Potter.
Algumas grandes editoras chegam a receber 20 originais/dia. Pesquisei quais publicavam sobre o assunto e estavam dispostas a receber originais. Enviei vários e-mails para diversas editoras que nem me responderam, exceto uma que propôs para que eu pagasse parte da edição, porém eu não estava interessado.
Meu amigo J.R.R. Abrahão, também escritos e mago, conseguiu uma entrevista comigo na Editora Madras, então pude vender meu “peixe” pessoalmente.
Pediram um tempo para avaliarem e eu fiquei esperando segurando minha ansiedade. Imaginei que, caso se interessassem, solicitariam algum tipo de alteração no conteúdo, objetivando algo mais comercial.



Um belo dia recebi uma carta com o contrato da Madras e para minha surpresa, não exigiram nenhuma alteração.
Um contrato padrão. Para quem não sabe o autor recebe 10% do valor de capa em cada unidade vendia, sujeito a promoções. E isso é á longo prazo.
Foi um trabalho muito bom, fiz sugestões para a capa, e até algumas figuras ilustrando o início de cada capítulo.
Concederam-me a oportunidade de receber meus direitos em livros, 10% do total, mais alguns exemplares do autor, isso me possibilitou fazer minhas próprias vendas.
Como disse anteriormente, apesar de todo o esforço, esse é apenas o início do trabalho. Apesar da editora fazer a distribuição e divulgação em seu site, o autor precisa fazer a parte dele, ou ficará esquecido.Se não vender, a editora não se interessará por novos livros.  
O escritor começa a se tornar conhecido a partir de seu terceiro ou quarto livro, o leitor se identifica com o estilo e começa a procurar por suas obras.
No meu caso foi mais difícil, pois eu já tinha um público mais ou menos formado para Defesa Pessoal, e agora mudava completamente o foco.



Isso consumiu muito de meu tempo. Participei do lançamento na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, fiz outro lançamento em Santos, participei da Santos Comic Expo e um bate papo junto com feras, como André Vianco e o pessoal do Lenda Urbana, na biblioteca Villa Lobos.



Saí em algumas matérias, entre elas uma muito legal em minha casa, pela rede Record.
Reforcei minha fan page, Davidson Abreu - livros e pensamentos, que devagarzinho foi chegando aos 5 mil seguidores.
Mesmo assim, as coisas não eram fácil. Algumas resenhas surgiram positivamente, mas alguns dos youtubers mais conhecidos por suas resenhas cobravam por serviços desse tipo, e eu não estava disposto a isso. A vida é dura.

O país atravessava sua pior crise, e livro é algo que não é de primeira necessidade.
O valor de impostos sobre o livro chega a mais de 30%, e ainda concorria diretamente com deuses como Stephen King, sem falar que o Brasil não é conhecido por ter um grande número de leitores.
Outra questão são os e-books, que apesar de democratizarem a escrita, também dificultavam a exposição de matéria de qualidade no meio de muita coisa mal feita, sem o cuidado da edição ou revisões.
No meio disso tudo, do meu emprego que me sustentava, ainda tinha que escrever mais.



Finalizei um conto baseado em uma história verdadeira de Santos, chamado de O Fantasma do Paquetá, a pedido da Ghost Club, a mais antiga associação de investigação paranormal do mundo, situada na Inglaterra, entre seus membros estão Sir Arthur Conan Doyle e Peter Cushing.
Continuei a estudar a fim de aprimorar minha técnica, e acompanhei mais atentamente a dificuldade de grandes talentos na área. Nesse tempo terminei outro romance, intitulado provisoriamente de Eu, Vampiro.



Como tudo o que escrevo, tento impor um diferencial, além de uma história cativante e sedutora. Nesse caso é a situação da Segurança Pública no Brasil, a violência e situação que se encontram as periferias, além da ligação de políticos com o crime organizado. Um assunto que conheço muito bem. Logo farei minha apresentação a editora.
Ainda continuo quebrando a cabeça a fim de fazer uma boa divulgação e continuar escrevendo. Estou trabalhando em outro romance, e tenho cerca de dez outros títulos, apenas com ideias e um esqueleto da história.

E se você tem vontade de ser escritor, se agarre em seus sonhos. Não é nada fácil, faça de coração, por prazer, que os frutos vão chegando aos poucos.
Ainda estou regando minha árvore, dia a dia, vendo ela crescer. Aguardando os frutos, então terei que protegê-los das pragas e até de ladrões.

Interessados em comprar algum dos meus livros ou em um bate papo sobre o assunto entrem em contato comigo nos endereços abaixo: