Muito se ouve sobre Bruce Lee, uma aura de misticismo gira em torno desta personalidade, às vezes seus personagens se misturam com o ser humano.
Sua morte aumentou as histórias a seu respeito. Casos que nunca aconteceram são narrados como verdade.
Devido à péssima tradução dos filmes e falta de conhecimento de quem os divulgava no Brasil, nos anos 60 e 70, e até no início dos anos 80, após sua morte, geraram uma confusão, onde não sabiam a distinção entre Kung Fu e Karate, se ele era Japonês ou Chinês, ou quais eram os filmes em que realmente atuou, que foram seguidos de imitações.
Quanto mais, naquela época, falar em Wing Chun ou Jeet Kune Do.
Devido a tudo isso, e principalmente pela falta de material de fonte confiável, a dificuldade de pesquisa (não havia Internet, né!) alguns que possuíam um mínimo de conhecimento em artes marciais começaram a duvidar da real capacidade marcial de Bruce.
Entre os desconfiados, eu me enquadrava como tal.
Uma vez, no início da década de 90, li em uma revista, na qual Jean Claude Van Damme dizia mais ou menos assim “Não acredito que Bruce Lee era tão bom em Karate como diziam ...”
Não sei até que ponto a matéria é verdadeira ou se perdeu na tradução, mas o que JCVD quis dizer, na continuação, é que a imagem que Bruce passava no cinema, aumentava muito a impressão de suas habilidades.
Quanto à parte que se refere ao Karate, também não sei se a culpa é da tradução.
Quando pude iniciar minhas pesquisas através de fontes confiáveis, comecei a mudar meus conceitos.
Bruce Lee realmente estava muito à frente de seu tempo!
Repare nesta cena de Operação Dragão, o controle muscular, a força e o equilibrio que Bruce possuia.
Em uma época em que cada praticante de arte marcial defendia que a sua modalidade era a melhor forma de combate, Bruce foi o primeiro a pregar que cada modalidade tinha seus méritos e defeitos e que o conhecimento de cada uma construiria um lutador completo.
Alguma semelhança com o MMA?
Mesmo após sua morte e a difusão de suas idéias, alguns mestres persistiam com esse pensamento arcaico, que só iniciou sua extinção após o inicio dos campeonatos de Vale Tudo.
No início do Vale Tudo também ocorreu esse pensamento equivocado devido à superioridade dos Gracie, com seu estilo de Jiu Jitsu, mesmo contra lutadores de categorias bem mais pesadas.
Mas na realidade ocorria que o estilo era superior como luta de solo, e era desconhecido ou menosprezado pelos outros lutadores.
Mas com a evolução natural do evento, eles aprenderam com seus erros, e adicionaram o Jiu Jitsu a sua rotina de treinos, o que fez com que as categorias separadas por pesos retornassem, pois quando os lutadores se equiparam tecnicamente, é óbvio que o maior peso se torna uma vantagem.
Retornando ao Bruce Lee, logo no início, aprendeu o boxe inglês, devido ao contato e as brigas que tinha com os ingleses de Hong Kong.
Com o passar do tempo não ficou restrito ao Wing Chun, estudando seu livro – O Tao do Jeet Kune Do – vemos que conhecia, em uma época de pouca divulgação, o Karate, Judô, Muay Tay (a qual a refere como “luta tailandesa de cotovelos”), Jiu Jitsu e Taekwondo.
A histórica luta entre Bruce Lee e Chuck Norris, no longa O Vôo do Dragão.
Um conceito muito moderno de treino pra época, usado pelos fisiculturistas, era o “diário de treino”, que Bruce também adotou.
Consistia em anotar diariamente o que praticava, sendo que é um ótimo material de pesquisa para entendermos o seu desenvolvimento, tanto físico como em relação às Artes Marciais.
Quando um lutador se torna astro de cinema, sua rotina muda completamente. Seu treino diminui, seu tempo também, precisa participar de inúmeras reuniões com produtores, fazer testes, aparecer em eventos, aprender a atuar, no caso de alguns a falar inglês sem sotaque etc.
Bruce Lee não competia, apesar de alguns relatos de lutas, ele nunca participou de nenhum campeonato como competidor, apenas como demonstração de suas técnicas inovadoras.
Nestas cenas do longa O Jogo da Morte, Bruce luta com Kareem Abdul Jabbar, demonstrando a desproporção em relação a altura. Bruce também demonstra sua incrivel flexibilidade nos golpes aplicados.
Porém, seu treinamento diário era de um atleta de nível olímpico.
Levantava pesos, corria, pedalava, e chegava a dar 2000 socos em seu saco de pancadas.
Seu nível de gordura corporal era baixíssimo, e sua elasticidade espetacular, tudo isso combinado a uma velocidade impressionante.
Claro que consumia um tempo enorme, tanto que durante as gravações de Operação Dragão ele pesava apenas 56kg.
Bruce conseguia fazer flexões com apenas um braço utilizando somente o dedo polegar e o indicador.
Seu soco de uma polegada era famoso, mas a maioria dos autores esquece de citar o incrível calejamento dos “nós” de suas mãos, o que contribuía para que ele conseguisse aplicar tal golpe.
Ele também acreditava que um corpo musculoso atrapalharia na eficiente execução dos golpes, ou na movimentação em um combate real, por isso, apesar de musculoso, não era “grande”.
Em resumo, apesar de ser astro de cinema, Bruce era um ótimo lutador, e também inovador, com uma visão futurista e acertada no tocante as Artes Marciais.
Mas era um péssimo ator, suas interpretações só eram boas quando lutava, ou seja, quando era ele mesmo, pois em seus filmes sempre aplicava suas idéias e os conceitos que norteariam o Jeet Kune Do.
Também era usuário de maconha e hachiche, fato este comprovado em sua necropsia.
Sua contribuição para as artes marciais e para o cinema de ação foi inestimável.
Acredito que sua morte encerrou prematuramente o que ele ainda tinha a desenvolver.
Posso imaginar que ele continuaria a evoluir e se necessário mudaria seus conceitos, como, por exemplo, no tocante à massa muscular, que foi provado mais tarde que o lutador pode ter um elevado índice de massa magra sem afetar sua mobilidade e velocidade.
Também melhoraria sua arte dramática, e adicionaria mais torções e imobilizações em suas coreografias, seria um amante do MMA.
Infelizmente, não poderemos acompanhar essa evolução.
Descanse em paz, Bruce.
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