CAMPEONATO MUNDIAL DE HAPKIDO
X WORD CHAMPIONCHIP HAPKI DO
2013
2013
A World Sports Hapkido Federation
junto a International Olympic Taekwondo
Federation organizam em Curitiba, Paraná, o Campeonato mundial de Hapkido Olímpico, há 10 anos.
Em 15 e 16 de
junho tive a oportunidade de pela primeira vez participar do campeonato.
Meu mestre, ANASSIEL KIN, há quatro anos já
participa com seus alunos do campeonato, e nunca deixou de trazer medalhas.
Na data da
competição, prestes a completar 39 anos de idade, e já afastado de competições há
quase 20 anos, resolvi me inscrever.
Excepcionalmente,
justo nesse ano, eu fui o único competido representando minha academia.
Muita gente no evento
Muita gente no evento
A
responsabilidade era enorme. Estava acompanhado apenas de meu mestre e do casal
de amigos editores da revista MASTER,
Fábio Bueno e Elaine Bueno.
Na ocasião eu era
faixa vermelha ponta preta.
Decidi competir
em três categorias:
Combate;
Demonstração de
arma – bastão tonfa;
Defesa Pessoal –
defesa contra arma de fogo curta.
Para a
demonstração de arma e defesa pessoal havia treinado com um parceiro da
academia, porém, próximo da data ele resolveu não ir por problemas pessoais.
Treino na academia Agonn para a apresentação com tonfa
Treino na academia Agonn para a apresentação com tonfa
Isso piorou a minha situação, pois prejudicaria a apresentação, onde todos já haviam ensaiado com seus parceiros de treino.
Pra ajudar eu
estava com dor de cabeça.
Sem parceiro, meu
amigo Fábio Bueno indicou o Mestre JOSEVALDO
MATOS MATOS, da Bahia, que com muita humildade me auxiliou bastante na
apresentação.
Sem ele com
certeza eu não conseguiria nada.
O Mestre Josevaldo
foi exemplo de cordialidade, ética e camaradagem, pois além de me ajudar
competiu contra mim, tanto ele quanto seus amigos e seu filho. E mesmo assim
deu o melhor de si para o sucesso de minha apresentação.
Na demonstração
de armas escolhi o bastão Tonfa, por estar familiarizado com ele devido ao fato
de eu ser policial militar, já ter utilizado na prática e quando ministro aulas
no quartel.
Demonstrando um estrangulamento com tonfa, com a ajuda do Mestre Josevaldo.
Demonstrando um estrangulamento com tonfa, com a ajuda do Mestre Josevaldo.
Restringi aos
movimentos básicos devido à falta de treino com o Mestre Josevaldo, e mesmo
assim ganhei a medalha de prata.
Perdi o ouro para o Mestre MANUEL GARCIA, da Colômbia, que
fez uma demonstração espetacular de bastão longo e outras armas.
Mestre Manuel Garcia, proprietário de uma rede de academias de artes marciais na Colômbia.
Mestre Manuel Garcia, proprietário de uma rede de academias de artes marciais na Colômbia.
Foi um resultado
muito bom.
Parti para a
apresentação de defesa pessoal, no caso, escolhi técnicas de desarmamento
contra armas de fogo curtas – pistola ou revólver.
Novamente o Mestre Josevaldo me ajudou.
Da mesma forma,
restringi um pouco os movimentos devido a falta de treino com ele como
parceiro. A velocidade ficou levemente prejudicada, a fim de eu não machucá-lo.
Foi uma
apresentação muito boa e eu ganhei a medalha de ouro!
Mas meu objetivo
era o combate. Estava lá para testar efetivamente as técnicas que eu treinava
por anos, desde antes de eu conhecer o Hapkido.
Minha luta foi no
dia seguinte das demonstrações.
Havia me
preparado, perdido peso, comprado equipamento.
Tinha algumas
dúvidas quanto as regras.
Foram proibidos chutes abaixo da cintura (perna), “mata leão”, socos só seriam contados pontos
quando desferidos no peito em linha reta, poderia ter o estrangulamento com a
gola do kimono (toga), mas o tempo para a finalização era de apenas dez
segundos.
Fomos
despreparados e um pouco desorganizados. Não levamos protetores de cabeça e
tivemos que as pressas conseguir emprestado.
Chegando perto
enfrentava meu maior inimigo: o nervosismo.
Em cada pessoa
ele ataca de forma diferente. Tem gente que treme, outros sentem dor de
barriga, vontade de ir ao banheiro, mas comigo é diferente.
Eu sinto como se
minha pressão caísse e fico lento, “mole”.
Olhava para todos
procurando descobrir quem seria meu adversário.
Algumas baixas já
haviam ocorrido.
No Hapkido um quebrou
o dedo do pé devido a um arremesso, outro caiu de cara no tatame e lesionou o rosto.
No Taekwondo um
foi socorrido de ambulância depois de ter quebrado a mandíbula devido a um
chute.
Demonstração de Taekwondo
Demonstração de Taekwondo
Fora os golpes
comuns que não foram tão contundentes a primeira vista.
Não usaríamos protetores
de tórax.
Lembrei dos chutes
que recebia de meu mestre nos treinos.
Quando ele
chutava meus ombros, o músculo deltoide ficava roxo.
Certa vez eu
vesti três coletes protetores e mesmo assim não aguentava os chutes dele na
costela, e nem era com toda força.
Quando as chaves
foram sendo fechadas não havia lutadores pra minha categoria de faixa.
Assim ficou
fácil, eu venceria por W.O!
Mas as coisas pra
mim não foram tão simples. Mestre Kin aceitou que eu lutasse com um faixa
preta.
Eu e Grão Mestre Anassiel Kin
Mas não um faixa
preta qualquer.
Mestre Crisólito.
Na verdade GRÃO MESTRE CRISÓLITO.
Dono de academia,
6º
Dan, e vencedor absoluto dos últimos três anos seguidos!
Possui diversos títulos estaduais, brasileiro e sulamericano.
Possui diversos títulos estaduais, brasileiro e sulamericano.
Seria o momento
de me testar de verdade.
Meu Mestre
orientou para que eu ficasse no contra ataque, mas não era meu estilo e não foi
pra isso que eu vim.
Acredito que meu
adversário ao ver-me tenha ficado tranquilo ou bem confiante. Não me conhecia de
outros campeonatos e eu era apenas um faixa vermelha ponta preta, enquanto ele
era o detentor de vários títulos brasileiros e mundiais.
Contava com experiência
e carregava seis dans em sua faixa.
Parti pra cima!
Devido ao meu
nervosismo, como expliquei, estava lento. Não conseguia desenvolver a explosão
de meus chutes.
Mas o surpreendi
com minha elasticidade e precisão.
Mesmo assim ele
bloqueou meus primeiros golpes.
Assim que ele se
recuperou da surpresa iniciou sua ofensiva.
Da mesma maneira
eu defendi quase todos os seus golpes, os que conseguiram atravessar minha
guarda não tiveram potencia suficiente pra barrar meu ataque, que por sua vez, ele bloqueava
também.
Ele desferiu uma
giratória muito rápida, seria um lindo ponto, se eu não tivesse defendido.
Com meu bloqueio
ele foi ao chão e eu fui por cima dele e iniciei a pegada de gola.
O protetor de
cabeça atrapalhou um pouco, mas eu ajeitei e comecei o estrangulamento cruzado
de gola.
Ajeitando a gola para o estrangulamento
Ajeitando a gola para o estrangulamento
Porém, só tinha
dez segundos e eu não consegui finalizá-lo.
A luta reiniciou
em pé. Mas logo teve o intervalo.
Eu estava
ofegante. Meu mestre reclamou dizendo para eu contra atacar, pois estava
cansado.
Mas eu sabia que
teria que surpreendê-lo novamente e colocá-lo em uma posição defensiva.
Iniciou o segundo
round e parti pra cima novamente.
Nada me deteria.
Pena que eu não podia desferir meus golpes de boxe.
Ele bloqueou meu
avanço umas duas vezes com um chute lateral com a perna da frente.
Seu repertório de
golpes era extenso. Giratórias, chutes circulares e laterais. Também desferia
socos retos.
Em dado momento
desferi um soco a altura de seu peito, quase no pescoço.
Ele contava com
sua torcida. Um de seus lutadores sempre gritava “isso” quando ele chutava,
acertando ou não.
Próximo ao final
da luta eu o segurei pelas mangas do kimono e varria com meu pé direito e
quando ele levantava a perna eu o acertava na cabeça com minha perna esquerda.
Assim a luta
terminou.
O Combate
Grão Mestre
Crisólito foi definido como vencedor e campeão, eu fiquei com a medalha de
prata.
Algumas das
pessoas que estavam assistindo a luta vieram me cumprimentar surpresas com meu
bom desenvolvimento no combate, pois conheciam meu adversário de outros
campeonatos.
Inclusive meu
amigo Fábio ficou surpreso com minha desenvoltura contra meu adversário.
Em nenhum momento
contestei os juízes. Fiquei honrado de ter lutado com meu adversário.
Sei que fiz uma
boa luta e respeito à opinião de todos que a assistiram. Tanto os que acharam
que eu perdi, que eu empatei ou que venci.
Foi uma luta de difícil
decisão e os juízes eram competentes.
Meus braços
ficaram roxos de tanto bloqueio.
Logo depois meu adversário
lutou em uma categoria acima de seu peso e foi campeão novamente.
Eu e Grão Mestre Crisólito
Eu e Grão Mestre Crisólito
Como eu
imaginava, meu maior inimigo foi eu mesmo. Talvez, se eu tivesse um controle
maior me sentiria melhor e lutaria com minha explosão natural. Com maior
rapidez.
De qualquer
forma, sozinho, sem torcida, com o apoio apenas de meu mestre e o casal de
amigos, retornei com 3 medalhas e novamente brilhou o nome da cidade de Santos.
Dias após,
conquistei minha faixa preta.
Eu e o Grão Mestre Hong Soon Kang, organizador do evento.
Mestre Kang foi o primeiro mestre de Anderson Silva, quando ele iniciou nas artes marciais, havia escolhido o Taekwondo.
Após o campeonato houve algumas reportagens na Baixada Santista a respeito do evento, repercutindo bastante por toda a cidade.
Foto do jornal A Tribuna
Mestre Kang foi o primeiro mestre de Anderson Silva, quando ele iniciou nas artes marciais, havia escolhido o Taekwondo.
Após o campeonato houve algumas reportagens na Baixada Santista a respeito do evento, repercutindo bastante por toda a cidade.
Foto do jornal A Tribuna