Há um tempo atrás já
havia escrito sobre o tema nesse blog com o título de “Solução para a Segurança
Pública”
É um dos temas que mais
gosto, apesar de amplo e complexo, logicamente coloco apenas tópicos que
deveriam ser observados, planejados e colocados em prática.
Por uma série de motivos
não fazem. Necessita coragem, disposição, inteligência, vontade política, e
muita verba.
Pode ser o maior plano de
Segurança Pública do planeta, mesmo assim vai ser bombardeado de crítica de
quem estiver na oposição do governo, seja quem for. A mídia com certeza fará a
parte dela e dará apoio as críticas.
Sem falar na questão
ideológica que divide o Brasil, entre esquerda e direita, contando também com
os extremos.
De um lado, pedindo
soluções baseadas em extrema punição do outro uma total permissividade.
Deixando isso de lado e
concentrando-se realmente nas soluções, vamos agora tentar apontar alguns
elementos básicos que deveriam ser observados e implementados.
De acordo com a Constituição Federal
Art. 144 – A
Segurança Pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos ...
Enquanto tratarem
Segurança Pública como apenas um problema de polícia, continuaremos enxugando
gelo.
É um contexto que deve
ser enfrentado em conjunto, cada um em suas atribuições, no entanto, é muito
difícil terem essa consciência.
HISTÓRICO
O caos na Segurança
Pública brasileira não é novidade, a questão é que chegou aos índices de guerra
sem estarmos em nenhum conflito.
As grande maioria das
leis penais foram elaboradas há décadas, o Código Penal, já com projeto de sua
reforma, é de 1940.
Nessa época não existia o
tráfico de drogas muito menos a epidemia do crack. Nada de crimes cibernéticos
e a corrupção sempre existente não era trilionária com intrínsecos sistemas de
lavagem de dinheiro.
As investigações talvez
tivessem uma porcentagem maior de elucidações criminais, nada comparado aos
apenas 8% de crimes solucionados.
E o mais interessante é
que a sociedade era outro, outros valores, família, religião, sem um consumismo
exagerado, entre outros motivos que por si só tornavam o país mais seguro.
Os “especialistas”
começaram a dizer que o problema da alta da criminalidade era a educação.
Foi provado que a grande
maioria dos condenados eram alfabetizados e grande parte tinha o ensino
fundamental completo, e outra o ensino médio.
Partiram então para o
problema do desemprego.
Em determinado momento o
país se desenvolveu e teve um grande aumento nas vagas de emprego, isso pouco
alterou os índices criminais. É claro que a economia do Brasil ainda é
instável, e o desemprego parece
aparecer em ciclos.
As opções estavam
acabando, então a culpa recaiu para a desigualdade
social.
Se assim fosse, países
como a Índia seriam o império do crime, mais pobreza e maior diferença social,
inclusive por castas.
Educação, desemprego e
desigualdade social, certamente tem influencia direta nos índices criminais,
mas esse é parte do problema, e por incrível que pareça não é o maior deles.
A grande maioria de
criminosos presos não se trata de analfabeto, desempregado e roubando pra
comer, mas sim de individuo alfabetizado, e vestindo roupas e tênis de marca.
Principalmente os envolvidos com trafico.
Há também um grande
número de crimes cometidos pela classe média, os principais são trafico de
drogas, entre outros como agressões, dirigir alcoolizado, etc.
A classe alta também incorre
nos mesmos crimes e ainda lavagem de dinheiro, corrupção, sonegações, etc.
O problema do Brasil é
punição. Cadeia, e certeza de que receberão uma pena alta e realmente a
cumprirão, sem regalias.
Quando finalmente
caminharem nesse sentido, a coisa poderá melhorar.
Tínhamos uma polícia
mais eficiente?
NÃO.
Menos treinamento, poucos equipamentos e um sistema falho no tocante ao
ingresso nas instituições.
Davam conta do recado?
SIM.
Pelos fatores colocados acima e também pela truculência e métodos nada humanos
de investigação, com um risco enorme de cometerem injustiças. Mesmo mantendo a
sociedade mais segura do que nunca, esse fato fez com que a polícia,
principalmente a militar, carregasse um enorme fardo após o fim da ditadura.
A polícia matava mais
naquela época?
NÃO.
Apesar do senso comum e das bobagens que dizem, a polícia matava muito menos.
Se matar criminoso fosse
a solução não haveria mais bandidos no Estado de São Paulo que ano após ano
aumenta a letalidade. Daí, retorno a dizer que a solução deve ser conjunta.
Esse aumento de
letalidade se dá pelo fato de que os confrontos são muito mais intensos e o
número de criminosos cresceu alarmantemente.
O que ocorria no passado,
que acabou pesando contra a polícia, são as acusações de excessos, tortura e truculência.
Para o Estado ficava
fácil e menos custoso não se preocupar com leis e legalidade, se houvesse
problema, bastava enviar a polícia, e que resolvessem, ponto.
Com o retorno da
democracia e a Constituição de 1988, foram concretizados uma série de
prerrogativas e direitos, outros vieram com adesão a tratados internacionais de
Direitos Humanos.
Até aí tudo bem, apenas esqueceram-se
dos DEVERES.
Ditaram uma série de
obrigações ás polícias, mas não deram ferramentas.
Uma lei fraca, uma
estrutura confusa de polícia e um judiciário deficiente, deixam os agentes da
lei na mão.
Por exemplo, o crime de
desacato a autoridade, na pratica, não pune ninguém. Como todos os crimes
necessitam da denúncia do Ministério Público na figura do Promotor, e quando
isso ocorre, a pena não será de prisão. O mesmo acontece com os crimes de
resistência e desobediência.
Se quem cometer esses
crimes for menor de idade, então, menos ainda acontece.
O sistema se resolve
sozinho, e isso faz aumentar a violência policial.
Um dia o policial cansa.
Ser xingado e cuspido, arriscar sua integridade para prender esse agressor,
para no final ele sair da delegacia antes mesmo do policial terminar a
ocorrência, não é nada agradável pra nenhum ser humano.
Talvez o policial nessa
situação aguente isso uma ou duas vezes, na próxima ele mesmo vai executar a
pena. Isso é fato. Não estou discutindo certo ou errado, mas sim seres humanos,
e gostem ou não isso continuará acontecendo.
Foi apenas um exemplo de
situação que ocorre em um país que não gosta de disciplina nem de cumprir
regras, onde as pessoas cobram direitos mas ignoram obrigações.
QUANTO AS SOLUÇÕES.
Na matéria anterior
listei uma série de necessidades como unificação ou ciclo completo de polícia,
controle de fronteiras, alterações na legislação, reforma do sistema
penitenciário, sistemas eficientes de inteligência, etc.
Questões práticas e que funcionariam.
Um pouco de exagero, talvez preconceito, mas algumas prisões no Texas determinam uniforme cor de rosa.
Agora coloco em discussão
uma saída alternativa que poderia agilizar esse processo:
FEDERAÇÃO CENTRÍFOGA
Dar autonomia aos Estados
para as questões jurídicas referentes à Segurança Pública.
Assim os Estados poderiam
elaborar suas próprias leis penais, como nos Estados Unidos da América.
Poderiam por exemplo,
tornar crime a figa de presídios ou o uso de aparelhos de telefone celular.
Como seria difícil um
país tradicionalmente centralizador como o Brasil, onde políticos que hoje são
governadores objetivam serem presidentes da República, e com certeza não querem
dividir poder, isso será muito difícil.
Uma solução então menos traumática
é permitir que pelo menos cada Estado tenha o poder de elaborar suas LEC, a Lei
de Execução Criminal.
Essa famigerada lei permissiva
eu dá excessos de direitos a presos.
Em algumas prisões os detentos ficam em tendas, menor custo para o Estado, proibição até de cigarros. Após queixas um dos diretores retrucou a imprensa: Nossos homens estão em tendas como essas no Afeganistão defendendo nosso país.
Assim poderiam cada
Estado escolher ser mais permissivo ou mais rigoroso, e o eleitor decidiria em
quem votar de acordo com suas características.
Poderiam dentro dessa
lei, limitar visitas, obrigar em crimes violentos a visita sem contato físico,
abolir a visita íntima, restringir saídas temporárias, interferir no sistema de
progressão de penas, e outros tantos controles.
Assim, com certeza, os
criminosos migrariam para Estados com menos eficiência na questão do rigor no cumprimento
de penas.
É claro que nada disso
adianta se permanecer a sensação de impunidade, o sentimento de que não será
preso nem punido.
O que ocorre é que o
risco fica na prisão em flagrante delito, caso não seja preso nesse momento, se
depender de uma investigação, dificilmente será punido.
Para isso também, seria
necessário investimento em um grande armazenamento de dados, um cadastro único,
e investimento em tecnologia, com cada vez mais câmeras inteligentes com
sistemas de reconhecimento facial.
Nada disso adiante se não
temos um controle adequando nem um bom sistema de armazenamento de dados. Em
pleno século XXI a vítima de crimes ainda precisa procurar o autor em livros de
fotos em uma delegacia de polícia.
As soluções não são muito
complexas, mas devem ser realizadas em conjunto, mas nossos políticos, além dos
problemas ideológicos, não se preocupam em resolver os problemas, ainda mais se
estiverem na oposição.