Combate Tático: setembro 2011

O profissional que atua na área de segurança deve conhecer sua função e até onde vão os seus limites, e assim também deve explicar ao seu contratante.

O que vemos é um total desconhecimento da função por muitos que atuam nessa área, sendo que há segurança que quer ser “polícia” e “polícia” que quer ser segurança, misturando por vezes as funções gerando prejuízos para o próprio e para o contratante.

Quem exerce a função de segurança deve saber de suas limitações legais, não são policiais, devem apenas zelar pelo bem, ou pela pessoa que o contratou.

O policial que exerce a função de segurança extra-corporação, deve se conscientizar, que naquele momento está ali contratado para exercer a função de segurança, limitando assim a sua esfera de atuação.

O policial que exerce a segurança VIP deve deter o instinto de caçador, pois na limitação de sua esfera, o que deve ser preservado é a integridade de seu cliente, e não a captura de um agressor.

São conhecidos casos em que o segurança abandona o cliente para perseguir o agressor, deixando assim exposto o VIP para um outro ataque.

Os macacos Babuínos utilizam da seguinte tática para conseguir alimento, ao saber de um ninho com ovos de determinado animal, um deles tenta roubar um ovo as vistas da mãe, sendo perseguido por ela, quando a mãe se afasta nessa perseguição os outros roubam todos os ovos do ninho.

O cliente VIP deve saber o tipo de segurança que procura, e deve tomar cuidado com os “contadores de histórias”.

Já está ultrapassada a imagem do segurança alto, forte e truculento.

Porém, como já disse anteriormente, deve-se ter em vista a necessidade do cliente, e nada impede que um sujeito alto e forte, seja um bom profissional, aliás, a união dessas qualidades é excelente.

É fato de que a escolha de um segurança com essas características é muito eficiente no caso de celebridades, ou um cliente que enfrenta multidões, pois é claro que o efeito psicológico auxilia muito, até como caráter preventivo, então neste caso é interessante que a escolha leve em conta a estrutura física.

Para a defesa da vida o segurança deve ter conhecimentos sobre armas, munições, primeiros socorros, defesa pessoal, direção defensiva, direção ofensiva, o caminho pelo qual tenha que conduzir o veículo, postos policiais, hospitais, vias de fuga, principais regras sobre explosivos, etc.

Todos que atuam nessa área devem ter educação, ser discretos, mesmo se precisar ser ostensivo.

Isso apesar de não parecer ter importância, é o maior diferencial, pois não há coisa pior do que um profissional que não saiba se por em seu devido lugar.

Deve se vestir bem, de acordo com a ocasião, de forma discreta, sem pulseiras, colares, e anéis.

As vestimentas devem ser práticas, permitindo uma mobilidade se precisar correr pular ou utilizar golpes de defesa pessoal.

De nada valeria um segurança cuja sua especialidade marcial fosse o taekwondo e quando fosse preciso agir estivesse com uma calça apertada que impedisse de aplicar um chute.

A arma deve estar na cintura, do lado direito ou esquerdo, dependendo a mão utilizada, não deve ficar exposta.

A arma exposta não intimida, ela só serve para indicar ao agressor quem é o segurança, que ele está armado e em que parte do corpo a arma está.

O coldre axilar, apesar de ficar bem no cinema, não é prático, deve ser evitado, pois é desconfortavel e seu saque não é funcional.

Se for utilizar arma de apoio (back up) dê preferência ao coldre de tornozelo, é claro que a arma deve ser pequena.

A utilização de armas não letais é muito bem vinda, de preferência o “gás pimenta” que além de ser “não letal” também é “não contundente”.

Existe também uma técnica para a utilização desse gás, como para qualquer outra arma ou instrumento de defesa, sendo dever de conhecê-la aquele que a utiliza.

Outra coisa também importantíssima para o profissional dessa área são as noções de direito.

Fator esse quase que completamente esquecido, que atinge de surpresa a ingenuidade de alguns que pensavam que ser segurança é usar a força contra os outros.

O profissional deve saber se defender não só fisicamente, mas também na área legal, pois se responder por um crime e também tiver que pagar uma indenização devido ao cometimento de algum abuso, pagar um advogado, seus gastos serão bem maiores do que o seu salário.

Esse zelo não é apenas por ele próprio, mas também para o seu contratante, que tem seu nome ou o da sua empresa, relacionados com o segurança.

Como exemplo, temos o caso do segurança de uma casa noturna que utiliza golpes contundentes contra um cliente, poderá ter que responder a um processo de lesão corporal e como conseqüência ele ou o estabelecimento pelos danos morais.

No exemplo descrito, além das noções de direito, deve ter a preferência pelo conhecimento de técnicas de torção e imobilização por parte do segurança, evitando assim lesões.

O profissional deve ter conhecimento básico em poder de polícia (ele não possui esse poder), legitima defesa, lei do desarmamento e crimes relacionados, danos morais, crimes como: constrangimento ilegal, lesão corporal, omissão de socorro, homicídio, uso arbitrário das próprias razões, etc.

Utilizei muito a palavra PROFISSIONAL, pois o profissional de segurança deve ser técnico procurando cada vez mais se aprimorar, buscando assim seu reconhecimento no mercado de trabalho, como especializado.

Os exemplos que devem ser seguidos são os da Itália, quando durante a operação “mãos limpas” o serviço de segurança se especializou, devido a grande contratação de profissionais por autoridades ameaçadas pela máfia.

Em Israel os profissionais são altamente qualificados, principalmente devido ao terrorismo.

Em um país tão violento como o nosso, não podemos nos dar ao luxo da utilização de amadores, pondo em risco suas vidas e a de seus contratantes.

Difícil? Muita coisa?

Profissional de segurança você é o quanto você vale. Treine e busque conhecimento.

Contratante, você tem a segurança de acordo com o que paga. Cuidado com os intermediários que vendem serviços deste tipo, pesquise, informe-se, afinal você está pagando por sua segurança ou pela segurança de seu patrimônio.