terça-feira, 12 de novembro de 2013

CAMPEONATO MUNDIAL DE HAPKIDO


X WORD CHAMPIONCHIP HAPKI DO
2013 




A World Sports Hapkido Federation junto a International Olympic Taekwondo Federation organizam em Curitiba, Paraná, o Campeonato mundial de Hapkido Olímpico, há 10 anos.




Em 15 e 16 de junho tive a oportunidade de pela primeira vez participar do campeonato.
Meu mestre, ANASSIEL KIN, há quatro anos já participa com seus alunos do campeonato, e nunca deixou de trazer medalhas.
Na data da competição, prestes a completar 39 anos de idade, e já afastado de competições há quase 20 anos, resolvi me inscrever.
Excepcionalmente, justo nesse ano, eu fui o único competido representando minha academia.


 
                                 Muita gente no evento

A responsabilidade era enorme. Estava acompanhado apenas de meu mestre e do casal de amigos editores da revista MASTER, Fábio Bueno e Elaine Bueno.
Na ocasião eu era faixa vermelha ponta preta.
Decidi competir em três categorias:
Combate;
Demonstração de arma – bastão tonfa;
Defesa Pessoal – defesa contra arma de fogo curta.
Para a demonstração de arma e defesa pessoal havia treinado com um parceiro da academia, porém, próximo da data ele resolveu não ir por problemas pessoais.




               Treino na academia Agonn para a apresentação com tonfa
   


                                      Treino de técnicas de desarme

Isso piorou a minha situação, pois prejudicaria a apresentação, onde todos já haviam ensaiado com seus parceiros de treino.
Pra ajudar eu estava com dor de cabeça.
Sem parceiro, meu amigo Fábio Bueno indicou o Mestre JOSEVALDO MATOS MATOS, da Bahia, que com muita humildade me auxiliou bastante na apresentação.
Sem ele com certeza eu não conseguiria nada.
O Mestre Josevaldo foi exemplo de cordialidade, ética e camaradagem, pois além de me ajudar competiu contra mim, tanto ele quanto seus amigos e seu filho. E mesmo assim deu o melhor de si para o sucesso de minha apresentação.
Na demonstração de armas escolhi o bastão Tonfa, por estar familiarizado com ele devido ao fato de eu ser policial militar, já ter utilizado na prática e quando ministro aulas no quartel.


    Demonstrando um estrangulamento com tonfa, com a ajuda do Mestre Josevaldo.




Restringi aos movimentos básicos devido à falta de treino com o Mestre Josevaldo, e mesmo assim ganhei a medalha de prata.




Perdi o ouro para o Mestre MANUEL GARCIA, da Colômbia, que fez uma demonstração espetacular de bastão longo e outras armas.


Mestre Manuel Garcia, proprietário de uma rede de academias de artes marciais na Colômbia.

Foi um resultado muito bom.
Parti para a apresentação de defesa pessoal, no caso, escolhi técnicas de desarmamento contra armas de fogo curtas – pistola ou revólver.
Novamente o Mestre Josevaldo me ajudou.




Da mesma forma, restringi um pouco os movimentos devido a falta de treino com ele como parceiro. A velocidade ficou levemente prejudicada, a fim de eu não machucá-lo.
Foi uma apresentação muito boa e eu ganhei a medalha de ouro!

Mas meu objetivo era o combate. Estava lá para testar efetivamente as técnicas que eu treinava por anos, desde antes de eu conhecer o Hapkido.
Minha luta foi no dia seguinte das demonstrações.
Havia me preparado, perdido peso, comprado equipamento.
Tinha algumas dúvidas quanto as regras.
Foram proibidos chutes abaixo da cintura (perna), “mata leão”, socos só seriam contados pontos quando desferidos no peito em linha reta, poderia ter o estrangulamento com a gola do kimono (toga), mas o tempo para a finalização era de apenas dez segundos.
Fomos despreparados e um pouco desorganizados. Não levamos protetores de cabeça e tivemos que as pressas conseguir emprestado.
Chegando perto enfrentava meu maior inimigo: o nervosismo.
Em cada pessoa ele ataca de forma diferente. Tem gente que treme, outros sentem dor de barriga, vontade de ir ao banheiro, mas comigo é diferente.
Eu sinto como se minha pressão caísse e fico lento, “mole”.
Olhava para todos procurando descobrir quem seria meu adversário.
Algumas baixas já haviam ocorrido.
No Hapkido um quebrou o dedo do pé devido a um arremesso, outro caiu de cara no tatame e lesionou o rosto.
No Taekwondo um foi socorrido de ambulância depois de ter quebrado a mandíbula devido a um chute.


                                       Demonstração de Taekwondo

Fora os golpes comuns que não foram tão contundentes a primeira vista.
Não usaríamos protetores de tórax.
Lembrei dos chutes que recebia de meu mestre nos treinos.
Quando ele chutava meus ombros, o músculo deltoide ficava roxo.
Certa vez eu vesti três coletes protetores e mesmo assim não aguentava os chutes dele na costela, e nem era com toda força.
Quando as chaves foram sendo fechadas não havia lutadores pra minha categoria de faixa.
Assim ficou fácil, eu venceria por W.O!
Mas as coisas pra mim não foram tão simples. Mestre Kin aceitou que eu lutasse com um faixa preta.




                                                      Eu e Grão Mestre Anassiel Kin

Mas não um faixa preta qualquer.
Mestre Crisólito. Na verdade GRÃO MESTRE CRISÓLITO.
Dono de academia, 6º Dan, e vencedor absoluto dos últimos três anos seguidos!
Possui diversos títulos estaduais, brasileiro e sulamericano.
Seria o momento de me testar de verdade.
Meu Mestre orientou para que eu ficasse no contra ataque, mas não era meu estilo e não foi pra isso que eu vim.
Acredito que meu adversário ao ver-me tenha ficado tranquilo ou bem confiante. Não me conhecia de outros campeonatos e eu era apenas um faixa vermelha ponta preta, enquanto ele era o detentor de vários títulos brasileiros e mundiais.
Contava com experiência e carregava seis dans em sua faixa.
Parti pra cima!
Devido ao meu nervosismo, como expliquei, estava lento. Não conseguia desenvolver a explosão de meus chutes.
Mas o surpreendi com minha elasticidade e precisão.
Mesmo assim ele bloqueou meus primeiros golpes.
Assim que ele se recuperou da surpresa iniciou sua ofensiva.
Da mesma maneira eu defendi quase todos os seus golpes, os que conseguiram atravessar minha guarda não tiveram potencia suficiente pra barrar meu ataque, que por sua vez, ele bloqueava também.
Ele desferiu uma giratória muito rápida, seria um lindo ponto, se eu não tivesse defendido.
Com meu bloqueio ele foi ao chão e eu fui por cima dele e iniciei a pegada de gola.
O protetor de cabeça atrapalhou um pouco, mas eu ajeitei e comecei o estrangulamento cruzado de gola.


                        Ajeitando a gola para o estrangulamento        

Porém, só tinha dez segundos e eu não consegui finalizá-lo.
A luta reiniciou em pé. Mas logo teve o intervalo.
Eu estava ofegante. Meu mestre reclamou dizendo para eu contra atacar, pois estava cansado.
Mas eu sabia que teria que surpreendê-lo novamente e colocá-lo em uma posição defensiva.
Iniciou o segundo round e parti pra cima novamente.
Nada me deteria. Pena que eu não podia desferir meus golpes de boxe.
Ele bloqueou meu avanço umas duas vezes com um chute lateral com a perna da frente.
Seu repertório de golpes era extenso. Giratórias, chutes circulares e laterais. Também desferia socos retos.
Em dado momento desferi um soco a altura de seu peito, quase no pescoço.
Ele contava com sua torcida. Um de seus lutadores sempre gritava “isso” quando ele chutava, acertando ou não.
Próximo ao final da luta eu o segurei pelas mangas do kimono e varria com meu pé direito e quando ele levantava a perna eu o acertava na cabeça com minha perna esquerda.
Assim a luta terminou.


                                                  O Combate

Grão Mestre Crisólito foi definido como vencedor e campeão, eu fiquei com a medalha de prata.
Algumas das pessoas que estavam assistindo a luta vieram me cumprimentar surpresas com meu bom desenvolvimento no combate, pois conheciam meu adversário de outros campeonatos.
Inclusive meu amigo Fábio ficou surpreso com minha desenvoltura contra meu adversário.
Em nenhum momento contestei os juízes. Fiquei honrado de ter lutado com meu adversário.
Sei que fiz uma boa luta e respeito à opinião de todos que a assistiram. Tanto os que acharam que eu perdi, que eu empatei ou que venci.
Foi uma luta de difícil decisão e os juízes eram competentes.
Meus braços ficaram roxos de tanto bloqueio.
Logo depois meu adversário lutou em uma categoria acima de seu peso e foi campeão novamente.


                                       Eu e Grão Mestre Crisólito 

Como eu imaginava, meu maior inimigo foi eu mesmo. Talvez, se eu tivesse um controle maior me sentiria melhor e lutaria com minha explosão natural. Com maior rapidez.
De qualquer forma, sozinho, sem torcida, com o apoio apenas de meu mestre e o casal de amigos, retornei com 3 medalhas e novamente brilhou o nome da cidade de Santos.
Dias após, conquistei minha faixa preta.


                  Eu e o Grão Mestre Hong Soon Kang, organizador do evento. 
                    
Mestre Kang foi o primeiro mestre de Anderson Silva, quando ele iniciou nas artes marciais, havia escolhido o Taekwondo.

Após o campeonato houve algumas reportagens na Baixada Santista a respeito do evento, repercutindo bastante por toda a cidade.


                                                Foto do jornal A Tribuna
                                             
                     Reportagem no programa Balanço Geral da Rede Record