terça-feira, 21 de junho de 2011

Técnicas de Desarme contra Armas de Fogo (Revólver e Pistola)

Este é um dos assuntos mais delicados e perigosos referentes a defesa pessoal, sendo constantes os exemplos que temos e que se tornaram uma tragédia, inclusive, alguns casos que foram filmados.
Em várias Artes Marciais, ou as que se denominam apenas como Defesa Pessoal têm desenvolvido técnicas de desarme de armas de fogo.
            Há algumas considerações a serem observadas.
            Alguns instrutores passam a técnica desenvolvida, porém nunca utilizaram uma arma de forma efetiva, em resumo, nunca trabalharam armados, ou tiveram experiências reais com armas.
            De forma alguma isso é demérito, porém esse tipo de instrução deve ser ministrada com muita responsabilidade.
            A primeira coisa que deve ser conscientizada é de que a aplicação real de uma técnica de desarme deve ser evitada ao máximo.
            A reação do oponente pode ser imprevisível e devido a uma reação reflexa a aplicação da técnica pode ser falha.
            Não vale a pena arriscar a vida para evitar um assalto.
            Essa técnica só deve ser usada no caso de uma real intenção do agressor em matar. Acredite: fora essa situação não vale a pena o risco.
            Outra observação importante é que na grande maioria dos casos, o agressor não atua só, sempre estando junto a ele, ou bem próximo, um ou mais comparsas.
            Há técnicas ministradas que tudo isso ignoram, e mais.
            Em uma técnica eficiente de desarme, a arma não pode cair ao solo, e sim passar para a mão de quem efetua a defesa.
            Tenho assistido a filmagens e já vi pessoalmente, algumas técnicas que utilizam chutes ou a faca da mão para aplicar a defesa, e a arma acaba caindo longe.
            Além do risco produzido por qualquer defesa, estas técnicas potencializam a ameaça, pois tanto o agressor pode recuperar a arma, como algum comparsa também pode.
            Como em várias técnicas de defesa pessoal, devemos observar o Princípio da Oportunidade, ou seja, só agirmos quando nos for dado a oportunidade – momento oportuno.
            As técnicas devem ser utilizadas a curta distância.
            Não devemos expressar com nenhum gesto, nem mudar a expressão facial, nunca dando a impressão de que iremos reagir.
            O agressor deve permanecer tranqüilo, não se sentir ameaçado pela vítima.
            Nossos gestos e expressões devem ser de submissão.
Utilizo esta imagem pois está disponivel na Internet, sendo assim, de uso público, não comercial. Na minha opinião, a vítima está com a expressão facial muito confiante, de certa forma até prepotente em relação ao agressor, o que pode indicar, mesmo que inconciente, que ele está prestes a reagir, o que torna a defesa mais perigosa.
            Talvez essa seja a parte mais difícil, observe treinando com um colega, como ele expressa sem perceber, que irá reagir. Seus olhos o denunciam, suas sobrancelhas se elevam, ele se movimenta, como se tivesse levado um pequeno choque, antes de reagir.
            Isso deve ser corrigido com muito treinamento.
            Ao levantarmos as mãos, em um gesto de submissão, elas disfarçadamente devem se posicionar de forma a estarem preparadas para a aplicação do golpe, na mesma linha que a arma, isso diminui o trajeto que ela vai percorrer quando realizada a defesa, diminuindo a utilização dos músculos e consequentemente o tempo de reação.
            Não se deve olhar fixamente para a arma nem diretamente para os olhos do agressor.
            Caso a técnica falhe não há mais volta, agora sua vida está mais em risco do que nunca, então tenha um plano B, ou seja, uma outra técnica que possa ser aplicada.
            Após a falha, se ele tiver um parceiro, virá auxiliá-lo. Você deve estar consciente disso.
            Nesse caso, você terá que se livrar de dois agressores.
            Isso não quer dizer que terá que vencer os dois, mas sim sair com vida, mesmo que a opção seja fugir, mas que seja fugir em segurança, sem ser atingido por um tiro nas costas.
            Quem quer aprende a desarmar alguém, também tem que saber manusear esta arma, pois ela vai ajudar a salvar sua vida, e seria uma grande ironia conseguir desarmar seu agressor e ferir-se em posse da arma dele.
            No caso da arma ser um revólver, a vítima deve tentar segura-lo pelo tambor, o que impossibilitará que gire e efetue o disparo, exceto se o cão (martillo, martelo) já estiver acionado (engatilhado)

          Sendo pistola, deverá segurar o ferrolho (carrinho) junto ao cano, impedirá outros disparos, pois se já estiver com uma munição na câmara, o que é comum, esta munição será acionada e deflagrada.

           Mostramos a seguir apenas uma  técnica, que como já foi dito antes, só deve ser utilizadas havendo um inevitável risco de vida, e para a efetiva utilização dessas técnicas, elas devem ter sido treinadas exaustivamente.
                    Esta é uma sequência que  apresentei em uma matéria da revista Fighter Magazine.
Submissão, mãos levantadas em rendição, mas na verdade está mais próxima da arma. O agressor está utilizando uma empunhadura dupla de base, semelhante as utilizadas por atiradores esportivos, policiais (já não utilizam mais este tipo de empunhadura) e quem assiste filmes americanos.

A arma é levantada com a pegada travando o ferrolho, uma leve abaixada no corpo para desviar da linha de tiro.

A mão forte (no meu caso a esquerda) auxilia a puxada da arma, o que fará com que ela caia já na empunhadura correta para a defesa.
Neste caso específico, meu companheiro de treino se desequilibrou e ficou de joelhos, no entanto isso não é certo de acontecer, aconselho neste momento em que a arma já saiu das mãos do agressor, a dar um passo para trás enquanto ajusta a empunhadura da arma para, se necessário, efetuar um disparo contra o agressor.
            Nas defesas contra arma de fogo, a arma servirá como alavanca, deve ser “torcida” para sair da mão do agressor, caso ela não escape com o primeiro impacto da defesa aplicada, dependendo da técnica utilizada.
            O dedo do agressor, estando no gatilho, correrá o risco de fratura, devido a torção contraria ao guarda mato, se a técnica aplicada virar a arma para fora, contra o movimento natural do dedo.
            É interessante pesquisar no youtube os diversos casos reais em que há reação a assaltos. Analisem, verifique qual foi o motivo da falha.
            Levem em conta o despreparo e a adrenalina, que gera o nervosismo na hora do fato.
            Pesquisem também as técnicas oferecidas por diversas Artes Marciais, e analisem com olhos críticos, verifiquem se houve falhas ou não na aplicação, levando em conta que são aplicadas em um ambiente tranqüilo e seguro, onde todos são amigos.
Mestre Kobi Lichtenstein aplicando uma técnica oriunda do Krav Maga. As técnicas de desarme aplicadas no Krav Maga, preconizam a retenção da arma junto a um golpe contundente, para depois retirar a arma do agressor.

            Se tiver oportunidade, treine com um amigo, começando com movimentos lentos e estáticos, até aprender a técnica, vá aumentando a velocidade e mudando as posições e possibilidades referentes ao agressor armado.
            Depois chegue o mais perto da realidade, com velocidade e imprevistos, para sentir a complexidade de uma situação aproximada da real.
            Utilize um simulacro, de preferência com o peso aproximado de uma arma de fogo real.
            Caso trabalhe na área de segurança, Pública ou privada, e possua uma arma, nunca, em hipótese nenhuma, treine com ela carregada.
            Obedeça todas as normas de segurança, acidentes graves com armas de fogo são comuns.
            Se decidir utilizar sua arma para treinamento, e observou todas as normas de segurança, não esqueça que eventuais quedas poderão comprometer o armamento, evite esse risco, ou no mínimo treine sobre um tatame (EVA).
            Se você esta armado, e reagiu contra um agressor também armado, a princípio o efeito surpresa está a seu lado.
            Nesse caso, utilizo minha arma ou a do agressor?
            Depende. Se a técnica que utilizou para a defesa foi 100% efetiva, a arma do agressor está em sua mão, e se você por qualquer motivo terá que efetuar um disparo em legitima defesa, neste momento utilize a própria arma dele, pois já está na posição.
            Lembre-se, a sua arma você conhece, sabe as condições de uso, se está travada ou não, se tem ou não munição na câmara (pistola), com quantas munições ela está carregada, etc.
            Ou seja, havendo qualquer problema com a arma do agressor, ou uma oportunidade que não implique na velocidade de reação, utilize a sua própria arma.
            É bom ter em mente toda essa parte teórica, pois será de grande valia encorporá-la em seu treinamento.
            Esta foi uma matéria muito difícil de escrever, e só o fiz porque qualquer um pode encontrar assuntos do mesmo tipo na internet e diversas filmagens no youtube, algumas aplicadas por quem não conhece nada sobre o assunto.
            A grande dificuldade foi a minha consciência, pois não quero incentivar ninguém a reagir, muito menos ensinar técnicas a criminosos que por ventura tivessem acesso a esta matéria, porém estes têm um vasto material disponibilizado.
            O mais importante: nada, nem fotos ou filmagens, substituem o acompanhamento de um professor, mestre ou instrutor.

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7 comentários:

  1. So tenho que parabenliza-lo pela matéria. Já tinha visto está defesa na TV e achei muito interessante. Tenente o sr. me supreende a cada dia, realmente concordo que nós temos que ter... um acompanhamento de um professor para nós ensinarmos estas técnicas... e outras que, eu estou achando interessante. Continue com estas matérias, que logo estarei comprando um livro seu rs.

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  2. Boa matéria! Parabéns, Davidson! Escreve bem e a matéria é muito esclarecedora. Concordo com a Rose. Você pode virar um escritor. Vai bolando um livro aê!! O primeiro é mais difícil, depois...só alegria!! kkk...abraço, amigo!

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  3. Excelente matéria.

    Há muito tempo que treino e estudo, dentre outras coisas, técnicas de desarme. Notei que praticamente todos os métodos partem de uma premissa falsa: acreditar que mãos e braços podem se mover mais rapidamente do que um dedo. É dada muita ênfase a um movimento rápido e explosivo, como se isso pudesse superar em velocidade o acionar de um gatilho.

    O célebre oficial inglês W. E. Fairbairn tinha uma abordagem bem diferente da ora sugerida, em especial no que tange ao posicionamento das mãos: sugeria olhar nos olhos do agressor e manter as mãos bem altas e afastadas.

    A ideia de Fairbairn não se baseia na velocidade de reação (que, além de poder falhar, decai com o avanço da idade), mas sim na surpresa: com o agressor próximo e as mãos afastadas, é impossível que ele mantenha ambas dentro do seu campo de visão. Mesmo que o movimento do braço seja mais longo, não será percebido, pois este ocorrerá no exato momento em que se atraia a atenção do agressor para a mão oposta.

    Outra vantagem do método sugerido por Fairbairn é que ele não "telegrafa" a intenção de desarmar o atacante. Este também pode perceber qualquer tentativa disfarçada de aproximar as mãos da arma.

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    1. Excelentes observações, Erick. A vantagem da reação, desde que a técnica seja treinada, é que para a mensagem do cérebro do agressor chegar ao músculo e virar movimento, há um curto espaço de tempo, mesmo assim, o risco é grande.
      A surpresa é uma grande vantagem.
      Obrigado pelo comentário.
      Abraço.

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  4. Caro amigo, moro no Rj como faço para comprar o seu livro combate tático defesa contra arma de fogo. meu email kobudo@ig.com.br

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    1. Boa tarde. Entra em contato comigo em minha fanpage Combate Tático, no facebook ou no pessoal Davidson Abre.
      Obrigado.

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